Ernesto Guevara de La Serna, ou "Che", foi uma das figuras que marcou o século XX, considerado por uns como o símbolo do idealismo revolucionário e para outros apenas mais um assassino. Steven Soderbergh teve a coragem de fazer uma cinebiografia sobre Che onde mais do que contar a história de um mito, pretendeu apenas (e bem) contar o percurso da vida de um homem ilustrando todas as suas facetas: um soldado médico, um líder carismático e acima de tudo um excelente estrategista.
Este épico de quase 4h30, permite-nos acompanhar todo o percurso de Che desde o primeiro encontro com Fidel Castro até ao momento da sua morte na Bolívia. O filme em Portugal e em várias partes do mundo foi dividido em duas parte de modo a facilitar a sua visualização: a primeira mais centrada no "homem" e toda a sua luta e dedicação em derrubar o regime ditatorial de Fulgencio Batista com uma sucessão de vitórias cubanas no período entre 1955 a 1959 utilizando uma narrativa fragmentada recorrendo igualmente ao discurso apaixonante e entusiasta de Che nas Nações Unidas. Já a segunda parte, decorre entre 1966 a 1967 (ano da sua morte) na Bolívia dando seguimento ao período de revolução na América Latina até ao momento da sua morte. Apesar de eu considerar Che como apenas um único filme é inegável que a sua primeira parte é pautada por um maior dinamismo enquanto que a segunda, talvez devido ao facto de utilizar uma estrutura linear, sem saltos temporais, seja mais lenta e sombria.
No entanto, no cômputo geral, o trabalho de Soderbergh é excepcional: todas as facetas de Che são demonstradas na perfeição, desde o seu lado mais humano, com todo o cuidado que dedica aos seus doentes, o seu respeito pelas vidas alheias, especialmente de pessoas indefesas, e a sua preocupação constante em incentivar todos os seus homens a aprenderem a ler e a escrever, passando pela sua faceta mais impiedosa sempre que alguém abandonava ou traía a sua causa. A nível técnico e visual o filme é exímio e o mesmo se pode dizer da majestosa interpretação de Benicio Del Toro, que no final apenas nos faz perguntar como foi possível o seu esquecimento por parte da Academia.
Em suma, Che não é um biopic tradicional, muito pelo contrário. Este filme chega quase a atingir um tom documental que se limita a contar a história de Che, o homem por detrás do mito, de uma forma simples e honesta, sem qualquer tipo de enaltecimento ou crítica deixando ao seu público a escolha da visão a adoptar sobre esta grande figura história.
6 comentários:
Pra semana já digo o que acho. Já tenho em casa para ver :)
Kisses
eu gostei imenso e o Benicio está mesmo majestoso!!
Que filmaço!
Sim, digo no singular porque penso que tem que ser analisado como um todo.
Óptima realização, diferente dos biopics tradicionais (como seria de esperar vindo de Soderbergh), magnífica fotografia e um Del Toro ao seu melhor nível.
É, para mim, um filme que nos conquista do 1º ao último minuto.
Bjs.
vi-o em sessão dupla, logo um a seguir ao outro e que bom que foi :))
é mesmo um grande filmaço e sim também os considero como um único filme!!!!Gostei mesmo muito:)
Fiquei curioso. Se já estava antes, depois de te ler fiquei ainda mais :D
Mas só tenho "metade" do filme :(
provavelmente encontras a segunda "metade" numa sala de cinema :D
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