O novo trabalho do genial Darren Aronofsky é um daqueles filmes que ao terminar desperta em nós a vontade de aplaudir de pé. The Wrestler é baseado numa história verídica, a vida de Randy "The Ram", que 20 anos depois do seu momento auge no Wrestling, continua a lutar apesar de já não ter os fãs e a glória do passado. Mas após um ataque cardíaco, fruto de uma vida de excessos, Randy vê-se forçado a ter uma vida normal e acaba assim por arranjar um emprego num supermercado ao mesmo tempo que tenta reatar a relação com a sua filha. Contudo, o amor pela modalidade fala mais alto e Randy resolve voltar para um último combate que irá mudar a sua vida.
Este filme marca o regresso de Mickey Rourke que nos presenteia com uma interpretação majestosa, sem sombra de dúvida a melhor da sua carreira, conseguindo transmitir plenamente toda a dedicação e entrega ao seu personagem e a um dado momento chegamos mesmo a confundir Rourke com o personagem que encarna devido não só à veracidade da sua interpretação como também à semelhança de percursos de ambos, já que Mickey é também uma espécie de anjo caído que tem aqui o seu verdadeiro momento de redenção. À semelhança do seu personagem Rourke não tenta superar-se (apesar de o conseguir largamente) ele apenas procura entregar-se ao máximo ao "seu" Randy demonstrando todas as suas tentativas em levar uma vida melhor apesar de acabar por cometer velhos erros do passado que nem ele próprio consegue justificar. É esta fragilidade humana que acaba por nos fazer aproximar e simpatizar não só com o personagem mas, principalmente com o actor que a encarna.
Evan Rachel Wood e Marisa Tomei são igualmente dois nomes a destacar. A primeira volta a demonstrar que é um nome que vale a pena ser seguido com bastante atenção, já a segunda surge mais ousada do que nunca, com uma interpretação bastante comovente.
No que diz respeito ao trabalho de Aronofsky na realização pouco há a dizer: a sua realização está mais madura do que nunca, consegue retirar todo o potencial dos seus actores e o facto de ter optado por uma câmara de mão foi uma aposta ganha, pois consegue incutir a todas as cenas um realismo que a dada altura chega mesmo a ser atroz. Aronofsky consegue assim realizar um filme extremamente simples mas poderoso a nível emocional.
A banda sonora, por sua vez, está perfeitamente ao nível do filme, ao relembrar grandes hits dos anos 80 nas sequências de luta (e sim os anos 80 foram de outro mundo a nível musical mas atenção: os Nirvana não são porcaria nenhuma...além do mais, não se pode falar mal dos anos 90, quando estes marcam a chegada daquela que é uma das melhores bandas da actualidade, refiro-me obviamente aos Radiohead) e principalmente a terminar com aquela que deveria ter sido a canção vencedora do Oscar e que infelizmente nem nomeada foi. A canção de Springsteen transmite na perfeição a essência do filme: bonita e ao mesmo tempo tão triste conseguindo sempre manter uma vaga esperança no ar.
Concluindo, apesar de ser uma fita previsível desde os seus momentos iniciais, The Wrestler é sem dúvida alguma um filme avassalador que no final do ano estará com certeza nos lugares cimeiros dos melhores visualizados em 2008. Um trabalho memorável e um filme definitivamente a não perder.
8 comentários:
ainda no que diz respeito aos anos 90 os pearl jam também não são porcaria nenhuma!!!
Agora que já viste o filme impõe-se a pergunta:
Penn ou Rourke?
Bjs.
PS- não vale dizer os 2...
Sim, é como dizes, bom, muito bom até mas previsível. Rocky anyone? :p
Bjs
Mas esse diálogo dos anos 90 foi engraçado :P
Gostei de ver Aronofsky a enveredar por outros caminhos, grande realizador, grande Rourke e GRANDE MARISA TOMEI (brincar :P)
Vamos ao balanço da semana:
Damages continua ao bom nível que nos tem habituado apesar de ter avançado pouco.
Galactica: o momento alto foi mesmo a música ao piano :P
Spoilers: parece que a teoria de que o pai da Starbuck é o Cylon que morreu é mesmo verdade será ela o primeiro híbrido?
Lost: Bem melhor que o da semana passada, grande episódio.
Heroes: Só quero ver o Sylar a matar o pai e pronto :P
bjs
LooT: lol:) tens razão a Marisa Tomei além de provar que está em excelente forma tem uma interpretação excelente!! Não é uma actriz que me diga muito mas, com este e com o "before the devil..." subiu na minha consideração :)
Quanto às séries:
Heroes: epá, esta semana foi um episódio muito bom...até do Parkman gostei e acho que isso diz tudo:)) Só fiquei chateada com o facto de o Sylar não ter arrancado o cérebro do Luke...mas, pronto vá...está-se a guardar para o pai:))
Lost: eu já disse que o Michael Emerson é o maior??:) normalmente os episódios do Locke são sempre muito bons e este não foi excepção:)
BSG: foi mais um filler...esta recta final está a ser decepcionante :( ainda há tanta coisa para explicar...concordo com essa teoria da starbuck, é o que tem mais lógica pelo menos...
Damages: mais um grande episódio:)) ah, e frobisher está definitivamente de volta:)) ainda bem...não estava a gostar nada de o ver no lado bom da força ehehehe:))) A revelação final é que foi um pouco decepcionante...não estava à espera que fosse a Patty...mas, vamos ver com chegam lá:)
Fifeco: sinceramente não acho que sejam filmes comparáveis.
O rocky é um filme sobre superação e regresso às luzes da ribalta e aqui temos apenas uma fita sobre redenção, sobre um "lutador" que apenas pretende continuar a fazer aquilo que lhe dá mais prazer: lutar.
Mr. Blue: epá...só fazes perguntas difíceis :)
Antes de mais, considero mesmo que a estatueta teria sido bem entregue a ambos.
No caso de Rourke estamos perante um casamento perfeito entre actor/personagem, onde se sente na perfeição todo o sofrimento e ilusão do personagem. No entanto, este é um personagem feito à medida do Rourke, onde associo sempre o actor à personagem e, por isso a minha preferência recai sobre o Penn que de facto faz-nos esquecer Sean Penn, o actor e apenas vemos Harvey Milk o personagem.
Volto a dizer que ambos estão fantásticos mas, a nível pessoal se tivesse visto o The Wrestler antes dos Oscars iria na mesma torcer pelo Sean :)
Acabaste de dizer tudo, sim..
É um filme fabuloso que marca quem o vê, e de facto apesar de serem filmes mto diferentes que agora que o Oscar lhe deveria ter sido entegue a ele...
Foi o papel da vida dele, com toda a certeza...
Ameiiiiiiiiii! :-)
Bjs
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