domingo, 4 de janeiro de 2009

A Vida Num Sopro, José Rodrigues dos Santos

A nível de história e enquadramento pode-se afirmar que é o melhor romance de José Rodrigues dos Santos, já que o livro proporciona uma viagem bastante interessante ao período conturbado da história portuguesa no início dos anos 30, assim como, ao momento da guerra civil em Espanha. Quanto ao resto, infelizmente tudo falha.

Os personagens são muito fracos, não se consegue criar uma empatia com nenhum deles, principalmente com os principais Luís e Amélia. O primeiro é apenas um covarde que se assume contra o regime mas, nada faz para o combater, pelo contrário, e só no final é que consegue encontrar a sua redenção. Já Amélia é um personagem que mesmo sendo principal quase passa ao lado da trama de tão passiva que é e tal como o seu par romântico só no momento final é que se consegue destacar.

A nível de escrita são tantas as inconsistências que é impossível não reparar e pode-se mesmo afirmar que algumas passagens são extremamente forçadas, como por exemplo, a cena do curral que mais parece saída de um filme pornográfico.

Em suma, é um livro que se lê bastante bem e permite recordar um momento bastante importante na história portuguesa mas, infelizmente não aproveita o seu potencial e pouco mais se pode acrescentar. Uma verdadeira desilusão.

7 comentários:

Carla disse...

Discordo completamente contigo...

Romance completamente diferente dos anteriores dele(Codex/Formula de Deus /Sétimo Selo)

Luís apaixona ...Amélia tem o destaque merecido para a época...

Mas se todos gostassem do mesmo...Não tinha piada...

bj

Vanita disse...

Tens um visual novo!!! Tão giro :)

Quanto ao senhor, acho que se perdeu completamente desde que se pôs a imitar o Dan Brown - ele diz que não mas é óbvio que sim! - e tenta, como se o leitor não percebesse, meter xaropadas de histórias e teorias no meio da suposta trama, que dá vida ao romance. Depois cai no erro de se esquecer de desenvolver o romance. Esse sim, o verdadeiro brilho de quem escreve.

Enfim, não tenho curiosidade em ler mais este. Mas devo dizer que gostei muito de "A Filha do Capitão" e a "Ilha das Trevas". Bons livros esses!

Bom ano para ti ;)

Anita disse...

Shakti: sim, o livro tenta voltar ao espírito do muito bom "A Filha do Capitão" mas, em termos de qualidade fica bastante atrás...

Quanto aos personagens, sim aí estamos mesmo em desacordo: O Luís não passa de um acomodado, que só sabe falar mas nunca age...já a Amélia não se justifica a sua apatia tendo em conta a época em que o romance se passa...já para não falar nas suas constantes contradições: ora "nunca mais nos podemos ver" ora "´bora lá pó curral que a cama faz muito barulho"...Só no final é quecosigo criar simpatia por ambos..

Já quanto à escrita, há mesmo muitos erros...uso de várias expressões "calão" corrente (ex: o termo "cagativo"?!) e, a nível temporal nem se fala ...é uma pena porque o livro tinha um potencial enorme...mas, é óbvio que ainda bem que temos opiniões diferentes senão isto não tinha a mesma piada:)

Anita disse...

Vanita: sim, o codex é algo descaradamente colado ao Dan Brown mas, gostei da Fórmula de Deus e até do Sétimo Selo. Mas, nada se compara aos seus primeiros livros esses sim de facto muito bons!!!Este falha a vários níveis principalmente na construção dos personagens, que me passaram completamente ao lado...é pena !!

Obrigada e, um ano muito bonito para ti também:)

PB disse...

Já ouvi duas versões sobre o livro! Se o ler, desempato! ;)
Beijinhos e feliz 2009

Carla disse...

Ainda não acabei o livro...mas já passei a parte do curral...lol

Mas continuo a ter a mesma opinião...garanto que quando terminar venho mesmo aqui ...

bj

Anita disse...

Shakti: eheheh, vá ao menos essa parte tens que admitir que foi um bocadinho forçada:)) O final é bom...foi a melhor parte do livro:)) depois dá a tua opinião final:)

Pedro: nada como leres e criares e partilhares a tua própria opinião:)

Beijinhos